quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ele conta com os mansos


J. Thomaz Filho


A história tem mostrado que a posse da terra tem sido sempre conflituosa: alguém expulsa alguém e ali se põe como dono. O próprio povo escolhido viveu essa luta e a interpretou como bênção de Deus. A conquista da terra prometida, onde era pra correr leite e mel, durou apenas parte de sua história. O povo teve até reis para defenderem sua conquista, mas a história também lhe foi implacável: reis mais fortes invadiram, tomaram conta, exilaram o povo, destruíram até o templo. A fidelidade no exílio não foi de todos e o resto que voltou reorganizou-se, mas já não conseguiu mais o tão sonhado antigo esplendor.

Jesus conhecia muito bem essa história. As expectativas de um messias restaurador não lhe eram estranhas. Mas Jesus não era superficial na leitura dos profetas, percebia, também muito bem, por onde passa a vontade do Pai (Lc 4,16-21).

É evidente que Jesus frustrou os belicosos, os saudosistas, os mercenários, os purpurados. É evidente que rejeitou os sacrifícios (Is 1,10-17; Jr 6,20; Os 6,1-6; Mc 12,28-34). Jesus radicalizou a ousadia de Abraão (Gn 22,1-13), que se recusou a oferecer uma vida humana em holocausto. Jesus afrontou o descalabro da saúde pública do seu tempo escolhendo para sinais da chegada do novo Reino e de sua própria autoridade, sobretudo as vidas humanas abandonadas (Mt 8,1-4; 8,28-32; 9,1-8; Mc 5,25-34; 7,31-37). Em nome da vida enfrentou a própria lei (Jo 8,1-11).

Um messias diferente, a serviço da vida! Um messias surpreendente. Sem armas (Lc 22,47-51; Mt 26,47-53), sem subterfúgios (Jo 10,32-39), manso (Mt 11,28-30). Mas de uma mansidão ativa (Mc 11,27-33; 12,13-17; 12,18-27; Lc 19,1-10; Jo 8,1-11), de uma mansidão que respeita o tempo do outro e lhe provoca o encontro com o mais profundo de si mesmo (Jo 4,1-26.39-42), de uma mansidão que vence os próprios preconceitos e se abre para a nobreza do outro (Mc 7,24-30).

Jesus é manso, conta com os mansos, nos desafia a ser mansos: a felicidade vai vigorar, o reino vai se implantando na medida em que os mansos possuírem a terra!

Não se trata da posse do mercado ou da ganância, mas de uma posse sem dominação e sem cartório. Posse apenas como domínio, como o modo de ser do Senhor, à sua semelhança. É o modo de posse de quem se sabe pobre, e não de quem se acha o dono. Não se trata, pois, da posse dos ricos, dos que se enriquecem com a terra como se a eles, e só a eles, pertencesse, porque têm armas para se defenderem e leis para se protegerem. É o modo de posse que dá dignidade a terra, porque o tratamento que aqui implanta é como se fosse o do céu. Nesse tipo de posse a organização da terra toma os conselhos do céu e procura resolver os problemas, os conflitos e as contradições – que sempre hão de existir, porque se trata de convivência humana! –, resolvê-los de modo a refletir o sonho do céu, de felicidade plena para todos, sonho que é o grande desafio posto para nós, e que dá sentido à nossa liberdade. Quem se deixa seduzir por essa perspectiva respira sabedoria com os ares da felicidade.

Os mansos não se gastam com tantos bens a proteger, não juntam pra si (Lc 12,16-21), têm consciência do provisório do nosso tempo (Mt 6,19-21), alargam a mesa da partilha. Bendita a terra em suas mãos!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

IRBEM Indicadores de Referência do Município de São Paulo

A Rede Nossa São Paulo (www.nossasaopaulo.org.br) e o IBOPE realizaram uma pesquisa com objetivo de:
Levantar e monitorar indicadores sobre a satisfação com a qualidade de vida na cidade, condições de moradia, avaliação de serviços e de instituições públicas.

O objetivo da construção do IRBEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município) é orientar ações de empresas, organizações, governos e toda a sociedade, considerando como foco principal o bem-estar das pessoas.

A pesquisa traz dados importantíssimos e objetivos sobre a realidade da cidade.
Conheça-os, reflita-os e colabore.

Os organizadores desta pesquisa têm plena consciência de que somente a participação da população junto aos administradores pode melhorar a qualidade de vida dos paulistanos.

As próximas eleições são municipais e a câmara municipal foi eleita pela 3a vez como a instituição menos confiável de SP. Lembre-se disso ao escolher seu vereador!

O 10o. Plano de Pastoral nos convida a sermos discípulos e missionários de Jesus Cristo em nossa cidade. Conheça suas virtudes e deficiências.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Boa nova - ética no STF


Todos nós ficamos estarrecidos ao se deparar com as manobras para inocentar o Deputado, mais uma vez eleito pelos paulistas, Paulo Maluf...Mas, surge uma luz no fim do túnel.

A Associação Brasileira dos Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais (Abramppe) decidiu começar uma campanha para que o juiz maranhense Márlon Reis seja o próximo integrante da mais alta corte do país. Ele é um dos coordenadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), rede que congrega 50 entidades e foi responsável pelo projeto que deu origem à Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/10).

A indicação de um ministro do STF cabe exclusivamente ao presidente da República. Depois da indicação, ele é aprovado após sabatina no Senado Federal. O que a Abramppe pretende é forçar uma participação maior da sociedade civil na escolha dos ministros do STF.

Fonte: congressoemfoco.com.br

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Após o aumento dos nobres deputados, chegou a vez dos nobres vereadores

Enquanto a poulação sofre as consequências do descuido com a cidade...o salário dos vereadores sobe para R$ 15 mil, reajuste de 61,8% e o presidente da Casa, José Police Neto (PSDB) diz que ''não pode mudar regra''.

Pela Constituição federal, o aumento só poderia ser dado a partir de 2013, quando começa a nova legislatura; o decreto legislativo de 1992, entretanto, abriu brecha há 19 anos pelo ex-presidente da Casa Paulo Kobayashi.


PARA ONDE VAI

Cofres públicos
R$ 76,6 milhões será o custo anual com salários e gasto de pessoal dos 55 vereadores da
cidade de São Paulo

Salário
R$ 15.030 por mês

Verba de gabinete
R$ 14,8 mil por mês

Contratação de até 19 assessores
R$ 84,4 mil mensais

Custo mensal
R$ 114 mil

Custo anual
R$ 1,4 milhão.

Fonte: estadao.com.br

Você pode enviar um e-mail para o seu vereador e informá-lo se você concorda ou não com esse aumento.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Campanha da Fraternidade 1985,com o tema “Fraternidade e Fome”


Em 1985, realizou-se a Campanha da Fraternidade com o tema “Fraternidade e Fome” e o lema “Pão para quem tem fome”. Em 1988, foi promulgada a Constituição brasileira, que em seu artigo 3, inciso III define como um dos “objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil”, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.

Uma das funções da Campanha da fraternidade é sensibilizar toda a sociedade, e também os governantes para esse importantíssimo problema. Isso está muito relacionado com o que a Constituição determinou três anos depois, em 1988.
Esse artigo da constituição não determina como combater a pobreza, não estabelece os meios, apenas determina um objetivo. À primeira vista, pode parecer uma norma sem nenhuma eficácia, mas isso não é verdade. Realmente, para ter todos os seus efeitos, é necessário que alguma lei determine os meios para combater a pobreza. Mas, de acordo com a doutrina do direito, a existência dessa norma impõe ao governo e a toda a sociedade a obrigação de agir com esse objetivo.

Artigo escrito por Filipe Brant
Membro da Pastoral Fé e Política

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Bispo emérito de Limoeiro do Norte recusa comenda concedida pelo Senado

Ter, 21 de Dezembro de 2010 18:23 cnbb


O bispo emérito de Limoeiro do Norte (CE), dom Manuel Edmilson da Cruz, 86, recusou a Comenda de Direitos Humanos Dom Helder Camara, entregue hoje, 21, no Senado Federal, a pessoas que se destacaram na defesa dos Direitos Humanos. Dom Edmilson, que teve seu nome indicado pelo senador Inácio Arruda (CE), disse que receber a Comenda seria “um desrespeito aos direitos humanos do contribuinte” por causa do aumento de 61% do salário que os parlamentares se deram na semana passada.

“A condecoração hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Camara. Desfigura-a, porém. Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os Senhores e Senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la!”, disse o bispo.

Para dom Edmilson, o aumento do salário recebido pelos parlamentares deveria ser na mesma proporção do aumento do salário mínimo e do aposentado. “O aumento a ser ajustado deveria guardar sempre a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e da aposentadoria. Isto não acontece. O que acontece, repito, é um atentado contra os Direitos Humanos do nosso povo”.

Além de dom Edmilson, foram condecorados o bispo emérito de São Felix do Araguaia (MT), dom Pedro Casaldáliga; os defensores públicos, Wagner de La Torre e Antônio Roberto Cardoso e o deputado estadual do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo. A escolha dos nomes foi feita pelo Conselho da Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara, e pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal (CDH).

Confira a íntegra do discurso de dom Edmilson

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Discurso de Dom Manuel Edmilson da Cruz, Bispo Emérito da Diocese de Limoeiro do Norte – CE, durante a outorga da Comenda de Direitos Humanos Dom Helder Camara, conferida pelo Senado Federal, no dia 21 de dezembro de 2010

A surpresa chegou aos meus ouvidos à noitinha, quinta-feira 16 de dezembro. Como o alvorecer da aurora e a vibração cantante de um bom-dia. Mais que surpresa: era como se alguém de extraordinária generosidade tivesse enfocado uma libélula projetando a sua leveza e levando-a a atingir as proporções de um águia ou de um condor.

Passa por esse crivo o meu cordial agradecimento ao senhor Senador Inácio Arruda, aos seus ilustres Pares que o apoiaram e a todo Congresso Nacional.

Pensei, em vista dos meus oitenta e seis anos, em receber essa honraria por meio de um representante. Mas Congresso Nacional merece respeito. Verdadeiro Congresso Nacional é sinal de verdadeira democracia.

A honrosa condecoração, porém, dos Pais da “Pátria”, (como diriam os Romanos “Patres Conscripti”), me faz refletir. Precatórios que se arrastam por décadas; aposentados, idosos com suas aposentadorias reduzidas; salários mínimos que crescem em ritmo de lesmas... depois de três meses de reivindicações e de greves, os condutores de ônibus do transporte coletivo urbano de Fortaleza, dos cerca de 26% de aumento pretendido, mal conseguiram e a duras penas, pouco mais de 6%, quer para a categoria, quer para o povo, principalmente os pobres da quinta maior cidade do nosso Brasil.

Pois é exatamente neste momento que o Congresso Nacional aprova o aumento de 61% dos honorários de seus Parlamentares que em poucos minutos chegam a essa decisão e ao efeito cascata resultante e o impõe ao povo brasileiro, o seu, o nosso povo. O povo brasileiro, hoje de concidadãos e concidadãs, ainda os considera Parlamentares? Graças ao bom Deus há exceções decerto em tudo isso. Mas excetuadas estas, a justiça, a verdade, o pundonor, a dignidade e a altivez do povo brasileiro já tem formado o seu conceito. Quem assim procedeu não é Parlamentar. É para lamentar. Prova disto? Colha na Internet.

Bem verdade é que a realidade não é assim tão simples e a desproporção numérica, um dado inarredável. Já existe – e é de uma grandeza bem aventurada! – o SUS; o bolsa família. Aí estão trinta milhões de brasileiros, que da linha de pobreza, às vezes até da indigência, alcançaram a classe média. É verdade a atuação do Ministério da Saúde. Existe o Ministério da Integração Nacional. É verdade! Mas não são raros os casos de pacientes que morreram de tanto esperar o tratamento de doença grave, por exemplo, de câncer, marcado para um e até para dois anos após a consulta. Maldita realidade desumana, desalmada! Ela já é em si uma maldição. E me faz proclamar em pleno Congresso Nacional, como já o fiz em Assembléia Estadual e em Câmara Municipal: Quem vota em político corrupto está votando na morte! Mesmo que ele paradoxalmente seja também uma pessoa muito boa, um grande homem. Ainda não do porte de um Nelson Mandela que, ao ser empossado Presidente da República do seu país, reduziu em 50% o valor dos seus honorários.
Considerações finais

Senhores e Senhoras,

Sinto-me primeiro, perplexo; depois, decidido. A condecoração hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Camara. Desfigura-a, porém. Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os Senhores a Senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la! Ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, a cidadã contribuintes para o bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade do seu trabalho. É seu direito exigir justiça e eqüidade em se tratando de honorários e de salários. Se é seu direito e eu aceitar, estou procedendo contra os Direitos Humanos. Perderia todo o sentido este momento histórico. O aumento a ser ajustado deveria guardar sempre a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e da aposentadoria. Isto não acontece. O que acontece, repito, é um atentado contra os Direitos Humanos do nosso povo.

A atitude que acabo de assumir, assumo-a com humildade. A todos suplico compreensão e a todos desejo a paz com os meus sinceros votos e uma oração por um abençoado e Feliz Natal e um próspero e Feliz Ano Novo!
DEUS SEJA BENDITO PARA SEMPRE!